terça-feira, 9 de maio de 2023

Dia das Mães: Como conectar com o nosso público sem romantizar a maternidade?

O dia das mães é uma das datas comerciais mais importantes para alavancar vendas. Mas por ser uma data comercial, infelizmente os discursos utilizados para vender, na maioria das vezes se apoiam em estereótipos de modelos de maternagem funcional. E essa estratégia de vendas imposta pelo sistema socio econômico vigente atua de forma super cruel e injusta. Principalmente com mulheres.

E apesar de sermos uma marca de roupas, e uma empresa com fins lucrativos, sabemos o quanto essa data pode causar gatilhos em todes nós. Portanto elaborar uma campanha não romantizadora e alienante sobre a maternidade não foi nada fácil. Não queríamos ser clichês e negligenciar as dores associadas à maternidade. Essas dores também são nossas. Somos mulheres, mães e sabemos das dificuldades e imposições sociais que essa função nos coloca todos os dias.

Por isso fizemos questão de desconstruir esse modelo com um sarcasmo direto e ficamos muito entusiasmadas com o nosso resultado. A peça foi inspirada no filme Garotos de programa de 1991 (My own private Idaho) do diretor Gus Van Sant e no elenco temos o jovem Keanu Reeves e River Phoenix. 

O filme fala sobre um garoto de programa, vunerável que possui narcolepsia, uma disfunção neurológica que o leva a dormir em momentos de extremo estresse. O personagem possui uma vida à margem da sociedade. Ele é gay, morador de rua e culpabiliza sua exclusão social à ausência de uma família funcional. Especialmente pela figura paterna. 

Toda vez que a personagem se vê em uma situação de estresse, ele se refugia no seu inconsciente. No acalento do colo materno. Mesmo de forma desconexa, esse é o único recurso que ele encontra como artifício de sobrevivência e resistência. 


Esse filme sempre me tocou, não apenas pela sensível direção do Van Sant, ou pela incrível interpretaçāo do River Phoenix, mas por trazer a discussão do papel familiar na teia social. 

Ser mãe nesse sistema exploratório é isso, somos criaturas vulneráveis e fragilizadas em constante resistência. 

A maternidade coloca no colo da mulher uma carga desumana de responsabilidade social que deveria ser provida por uma rede de suporte coletiva. Nessa carga social individualizada, a maternidade é um ato de resistência e sobrevivência para continuidade da vida.

Assim como o personagem do filme foge para o insconsiente à procura de um colo onde se sinta confortável para expor sua fragilidade, nós também nos sentimos órfãs. 

Somos "abandonadas' nesse sistema onde os desafios e responsabilidade da continuidade da espécie são postos individual e exclusivamente nas mãos de nós mulheres, onde somos resignadas ao papel único de "mães". E lançadas à nossa sorte sem recursos ou voz para garantir a nossa própria existência e identidade.

Portanto nossa campanha quis mergulhar nessa narrativa, porque é a minha, ou melhor, a nossa experiência real de maternagem. 


 

Eu sei, ficou pesado, né? Mas essa reflexão é essencial para entendermos porque estamos sempre tão cansadas, sabe?

Então desejamos um bom dia das mães. E se não for possível, lembre-se que essa é apenas uma data comercial. 

E claro, se for viável, APOIE nossa marca para continuar seguindo em frente com nosso modelo de negócios. Feito por mulheres empreendedoras, tentando trazer mais ética e sustentabilidade na indústria da moda. Estamos tentando alavancar discussōes comuns às nossas dores reais, sem enfeites ou washing

Lembrem-se que vocês podem nos ajudar comprando na nossa loja, ou simplesmente engajando nas nossas ações nas mídias sociais. Vamos ampliar nossas vozes e nosso alcance!

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Equipe Catwalk.plus

 

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