quarta-feira, 8 de março de 2023

A Gordofobia, o Dia Internacional da Mulher e o Feminismo

 



Mesmo que às vezes não pareça, as pautas feministas não estão desasociadas da luta antigordofobia. Na verdade elas fazem parte da agenda do sistema opressivo em que estamos todas inseridas.

Quanto mais pautas nossos corpos representam, maiores as nossas chances de violência física e psicológica.

A verdade é que o corpo feminino está sempre sobre monitoramento. No modelo capital-colonizador ele possui um propósito definido. E seu propósito se divide em duas categorias: mãe e objeto de prazer.

Ser mulher é sofrer a dicotomia desses espaços e do controle exercido sobre o nosso corpo, autonomia, liberdade e dignidade. Portanto, corpos que não se enquadram nas categorias impostas pelo sistemas, são automaticamente apagados, massacrados e excluídos. 

Os corpos gordos não atendem ao propósito de objetificação e regojizo masculino, portanto são corpos que não representam interesse para o capital. Sendo assim, vistos como um "erro".

Por isso são corpos perseguidos e patologizados independente da saúde real de cada indivíduo. O discurso de "busca da saúde" através do emagrecimento é uma fábula que engana somente quem deseja ser enganado. 

Portanto nunca foi sobre saúde. É sobre controle. É sobre poder. E para as mulheres gordas, sobre pertencer. Que é uma das maiores necessidades do ser humano. E o capital parece fazer questão de tirar isso de nós, mulheres.

Ser mulher muitas vezes se resume a ser bela aos olhos dos outros.  E você já contabilizou aí quanto tempo, energia e dinheiro nós gastamos para manter nossos corpos mais aceitos? Pois é.

São diveeeersas as indústrias que lucram através da nossa insatisfação pessoal. Temos nessa lista as indústrias farmacêutica, alimentícia, da moda e as participações mais que especiais dos médicos indicadores de bariátrica como balinha tic tac e os nutricionistas que adoram prescrever dietas restritivas sem exames bioquímicos. 

E se engana quem pensa que não existe relação entre as duas coisas. Os corpos gordos e fora do padrão femininos são monitorados e excluídos como estratégia biopolítica. O objetivo? Máximo lucro. A matemática é simples. Quanto mais insatisfeita você estiver, mais você gasta tentando se encaixar. 

Mas esse pertencimento temporário é uma cortina de fumaça. 

Porque corpos fora do padrão são apagados, lembra? Esquecidos. E quando lembrados, excluídos. Seja no momento de consumir moda e se vestir, se relacionar com pessoas ou ocupar espaços públicos.

Saúde para corpos maiores? Também não tem. Uma dor de garganta vira uma indicação de bariátrica. Porque o médico diagnostica o que ele consegue enxergar. Ele vê uma patologia ambulante. Portanto, não observa o sintoma, porque está decidido sobre a "causa". Tem idéia da crueldade?

Agora se pergunta aí, quantas mulheres gordas você conhece em cargos de liderança. Poucas ou nenhuma certo? Além do preconceito inerente ao corpo gordo, ainda existe a questão do mobiliário de escritório que não é pensado para pessoas maiores. TODO o acesso é negado a nós. Todo!

E nós não só como marca plus size, mas como mulheres gordas, sabemos o que é sentir essa violência. E estamos dispostas a tentar nos ajudar criando uma comunidade onde possamos compartilhar nossas dores, e nos acolher também.

Nós estamos tentando construir algo diferente. Completamente fora dos padrões. E é uma batalha diária. Mas contamos com a ajuda de vocês para poder produzir mais e mais peças que sejam pensadas e produzidas pros nossos corpos. 

Porque nós acreditamos que parte do pertencimento é construir sua identidade através do estilo e ser bela para si mesma. E aí, estão com a gente? 


Beijocas, nos vemos em breve!

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