A verdade é que infelizmente o culto à magreza nunca saiu de moda. Segue o fio…
Desde que as mídias sociais se estabeleceram, houve espaço para debates e questionamento de comportamento social e identitário. O ambiente da internet nos primórdios das redes sociais era de troca e crescimento coletivo. Até a página dois.
Porque no momento em que as marcas entram nesses espaços, claramente com o objetivo de lucrar e ampliar suas conexões, elas logo tratam de adequar seu discurso nas plataformas. Afinal, quem não surfa na onda leva caixote.
Sabendo-se que as plataformas cresceram exponencialmente devido ao engajamento de seus usuários e principalmente pelo financiamento publicitário dos anunciantes, é importante entender que a partir daí, as plataformas fatalmente modificarão suas estratégias para empurrar o discurso de quem enche o cofrinho. $$$ Porque no sistema capitalista, quem detém o poder, é quem tem o dinheiro.
E assim nasce o culto à magreza! O maior esquema de lucratividade através da insatisfação pessoal. E isso faz a gente pensar em algumas questões.
Por que será que as marcas ainda insistem na produção de uma moda excludente?
Simples. Porque pessoas insatisfeitas com seus corpos consomem mais. Seja para se sentirem pertencentes ou menos excluídas.
E principalmente porque não existe interesse real de romper com o modelo arcaico de produção que é praticado. Isso daria bastante trabalho, é verdade.
Pra isso seria necessário qualificar profissionais, sair da bolha da moda que só enxerga o padrão e abandonar essa valorização teatral de marca. Seguir de fato à risca os discursos “inclusivos” praticados por essas marcas de ética questionável que vendem roupas tamanho 42/44 como plus size. Mas é claro que quem “compra valores” não quer ter todo esse trabalho.
Do ponto de vista estratégico se manter no status quo é mais fácil para as marcas. Afinal, não se mexe em time que está ganhando não é mesmo? Mas se tem alguém ganhando, é porque tem alguém perdendo.
E somos nós. Corpos marginalizados e fora do padrão estético aceitável socialmente. Essa estratégia de retornar ao modelo de magreza trata nossas necessidades como consumidoras como um mero fetiche ou uma tendência passageira. E isso é cruel pra caramba!
Os corpos gordos sempre existiram. Assim como corpos com deficiência. Mesmo que a moda ignore nossas necessidades de consumo perpetuamente, a verdade é que nossa existência não deveria ser tratada como tendência.
Sorte minha ter comprado da última coleção porque a partir de agora meu corpo não tem mais o direito de se vestir?
Porque ainda estamos à mercê da narrativa desses interesses corporativos?
Será que podemos depositar nossas esperanças em marcas que sejam mais justas com suas consumidoras e que desenvolvam roupas pensadas para esses corpos que são constantemente invisibilizados?
Nós acreditamos que para atender DE VERDADE nossos corpos é necessário entender e acomodar a existência de pessoas fora do padrão como uma realidade tangível e mensurável. Nós precisamos de uma revolução na indústria da moda. No modo de pensar e de produzir.
E é isso que nós estamos tentando construir. Nossos valores são mais importantes do que nosso lucro. Sim, somos uma empresa. Sim, vivemos nesse sistema excludente. Mas não acreditamos em colocar lucratividade na frente da ética. Por isso, estamos criando uma marca que escuta e age nas dores de nossas consumidoras. Dores essas que são nossas também.
Queremos ser uma marca que constrói identidade de vestir com o seu próprio corpo. Que constrói beleza em sua natureza sem querer transformá-la para se adequar aos interesses do capital.
Não temos intenção de fazer fat washing aqui. Nossa proposta é verdadeira. Estamos cansadas do narcisismo da Anna Wintour (Se você não pegou a referência, a gente ajuda. Lembra da Miranda Priestly de “O Diabo veste Prada”? Então. É inspirada nela.) e do discurso de beleza de gigantes como a Vogue.
Vamos construir juntas, peças que nos valorizem e que revelem nossa real identidade roubada por essa indústria da insatisfação.
Contem com a gente!
Sinceramente, Equipe Catwalk Plus